quinta-feira, 1 de março de 2007

MEU CORPO DANÇA


Meu corpo dança há vinte e oito anos atrás ainda no ventre da minha mãe. Eu dançava e nadava feliz. Tive até dificuldades em sair dali. Sentia-me tão segura, mas precisava entrar na dança do mundo que já me aguardava.

Meu corpo dança em ritmo feliz e infantil por muitos anos. São movimentos espontâneos, livres, singulares, às vezes meio desajeitados e bastante inocentes. Já começavam a entrar em sintonia com a dança social.

Meu corpo dança enquanto cresço e tento entender quem sou, meus desejos, afetos e a que vim a este lugar, onde as pessoas bailam em ritmos diferentes. Eu precisava encontrar meus ritmos.

Meu corpo dança em meio aos meus desejos, fantasias e necessidades mais íntimos que começava a viver. Minhas pulsões tornam-se fortes e magicamente transformo-me em uma mulher. Meu corpo sente-se em sintonia com a dança do amor.

Meu corpo dança por bom tempo com minhas crianças. Elas também gostam de música e juntos dançamos como anjos em festa.

Meu corpo dança em volta de cada ser humano que conheço. Bailo em diversos lugares que vou conhecendo e freqüentando, sempre usando uma máscara diferente para cada tipo de dança. Para dançar bem é preciso mudar o ritmo de acordo com o ambiente.

Meu corpo dança pelo mundo, viajando, trabalhando, amando, cuidando e sendo cuidada pela minha família, brincando com os amigos, tendo algumas divergências por causa de minhas opiniões.

Meu corpo dança circulando minha fé. Às vezes dança muito feliz, outras com algumas confusões.

Meu corpo dança com a pior perda da minha existência. Meu pai deixou de dançar neste mundo e meu ritmo era o mais lento e triste que se pode imaginar. Achei que nunca mais dançaria com alegria.

Meu corpo dança com a aceitação da perda e as novas vivências. A dança do casamento era algo muito especial. Era um ritmo extremamente dançante e muito convidativo.

Meu corpo dança quando tenho que marchar, dar ordens e receber enquanto carrego em minha cintura uma pistola (amo a vida e jamais atentaria contra a minha própria ou de alguém!).Que contradição.
Meu corpo dança fazendo fumaça cada vez mais. Tudo estava nublado e sem brilho.
Meu corpo dança sem nenhum ritmo e totalmente descontrolado enfrente ao medo da morte que é a loucura e também o medo da vida. Que dança triste, fria, maldosa e medonha. Entrei neste palco sem escolher e tive que ouvir algo que me alimentasse a esperança e então só os sons que traziam mensagens do meu Criador, conseguiam atingir a minha alma e me trazer consolo.
Meu corpo dança na saída do vale da sombra e da morte. Vem ao meu encontro um lindo dançarino da vida assim como eu. Ele me estende a mão e carinhosamente me convida a dançar a mais linda coreografia que já vivi. Nossa música é doce e suave. Também muitíssimo sedutora. Eu me encho de vida e novamente sou feliz!
Meu corpo dança e canta hoje um dueto magnífico que deseja continuar assim pelos palcos deste mundo até que chegue o fim de nossa música.
Meu corpo dança!

Obs. Eu escrevi essas tortas e dançantes linhas em Setembro de 2006.

2 comentários:

Kyka disse...

Tua dança me encanta!
Quando eu te vi a primeira vez, logo senti: "dancei"!
Continuo dançando até hoje e quero bailar contigo por toda a vida.

Beijos ardentes!!!

Suzi disse...

não li o post, ainda, por absoluta falta de tempo; mas volto depois e leio, tá bom?

mas a declaração de amor aí em cima tá linda, hein, M.?